“Precisão, destreza e resistência”: a extracção de sobreiro a todo o vapor nas Landes

À medida que a sua produção cresce na Nova Aquitânia, a associação Le Liège Gascon organizou uma manhã de descoberta em Soustons dedicada à extracção de cortiça
"Precisão, destreza e resistência!" Estas são as três palavras com que Delphine Ducasse, presidente da associação Le Liège Gascon, resume o trabalho de um descortiçador. Na manhã de segunda-feira, 28 de julho de 2025, cerca de trinta pessoas se reuniram em torno do Lago Soustons para testemunhar o descortiçamento (nome dado à descortiçada) do sobreiro de Landes.
Ao redor dos kakemonos em exposição, inúmeras árvores, com raízes plantadas há décadas no solo arenoso, aguardam para serem descascadas. "É importante conscientizarmos sobre essa atividade", explica Delphine Ducasse. "Muitas pessoas ainda pensam que as árvores são cortadas para extrair cortiça."
Após uma rápida explicação, chega a hora da demonstração. Armado com um machado simples, um dos carregadores de árvores desfere golpes rápidos e bruscos em todo o perímetro da árvore, antes de fazer um corte do topo do tronco até a raiz. Em seguida, virando a ferramenta, ele a usa para tentar descascar a casca, em meio a um estalo constante. A tarefa é exaustiva e tediosa para o silvicultor, cujo rosto rapidamente fica coberto de suor.
Uma colheita manual"A extração da cortiça só é feita em pleno verão", explica o presidente da associação, "porque é o calor que permite que a árvore cresça". Após vários minutos de trabalho árduo, a planta parcialmente nua revela um novo tronco vermelho-ocre. O carvalho levará cerca de quinze anos para recuperar sua aparência antes de poder ser extraído novamente. No total, os seringueiros conseguem remover nada menos que dez cascas de uma única árvore.
Na Nova Aquitânia, a extração da cortiça é feita quase exclusivamente à mão, e a mecanização está apenas começando. A associação Le Liège Gascon agora possui um protótipo de motosserra, projetado para cortar a casca sem danificar a parte central da árvore. Uma ferramenta que, além de facilitar a tarefa dos extratores de cortiça, também ajudaria a aumentar o número de mulheres na profissão, enquanto entre os cerca de dez silvicultores treinados em extração de cortiça, há apenas uma mulher.

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Uma vez extraída, a cortiça tem uma variedade de utilizações, dependendo da sua qualidade: rolhas, isolante, decoração, etc., inclusive na indústria aeroespacial, onde serve como escudo térmico. A produção ainda está em fase inicial, devido ao custo relativamente alto de produção e à concorrência de grandes países produtores, como Espanha e Portugal.
Mas ainda há esperança de expandir a produção. Em 2024, a indústria corticeira de Landes extraiu 20 toneladas de matéria-prima, em comparação com sete em 2017. Ela agora pode se orgulhar de ter espécies de sobreiro nascidas na Nova Aquitânia em seus viveiros. Este ativo facilitará o plantio de futuras árvores.
Adaptado às mudanças climáticasNo dia da colheita, vários membros do Escritório Nacional de Florestas (ONF) estavam presentes, além da associação. "Esta árvore não é importante apenas para a produção, mas também para a biodiversidade e a paisagem", explica Christophe Contival, técnico da organização de proteção e gestão florestal. O sobreiro é mais resistente a incêndios do que outras espécies da região. Sua casca queima, mas retém umidade, permitindo que a árvore sobreviva e se regenere com relativa rapidez.
A ONF está atualmente planejando plantar sobreiros ao longo das bordas das florestas de pinheiros-bravos, com o objetivo de limitar a propagação de incêndios. "É uma espécie adaptada às mudanças climáticas que nossa região está enfrentando", diz Delphine Ducasse.
Embora tenha muitas qualidades positivas, o sobreiro é, no entanto, uma espécie vulnerável. "Como todas as árvores, pode estar sujeito a doenças ou insetos", diz Christophe Contival, "mas o maior parasita é o homem". A colheita pode causar cortes no tronco, que podem matar a planta. Portanto, a precisão é essencial na colheita.
SudOuest